segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Política e o voto obrigatório


Em um grupo, vi várias pessoas “curtindo” uma frase que dizia assim: “Vou anular meu voto no segundo turno. Não posso dar meu voto que vai eleger ou a mer... ou o co...!” Apesar de toda a indignação contida neste rápido depoimento, senti o quão carregado de verdades ele está!



Por Marise Jalowitzki

Não, não sou da política. Também, não sou apolítica. Sou politizada, no sentido de ter convicções, saber o que quero e o que não quero. Distingo o projeto que constrói daquele que só enriquece a alguns poucos, ainda que alardeie melhorias para todos. Defendo o que considero ético e me afasto do que considero não ético.

E o que é não ético?
- Não ético é atacar individualidades, em um jogo sujo e tão conhecido, onde as ideias de um projeto, de um programa, valem menos que as mentiras inventadas para denegrir.
- Não ético é mentir muito, iludir milhões de pessoas com inverdades e promessas que nunca foram, nem serão cumpridas, e muito menos durante os mandatos para os quais os votos são angariados.
- Não ético é continuar falando em riqueza compartilhada. Que equação é essa, que privilegia o maior percentual de ganhos pra um lado, e parcos valores para o outro segmento, justamente, o que mais precisa? 

Sim, a maioria da população carente, que nunca recebeu esmolas, agora está comprada pelas esmolas, sem perceber que tem direitos, que é seu de direito um percentual bem maior de benesses. E a população abastada, a elite que sempre foi privilegiada, esta, sim, se regozija, pois o que sempre esteve em suas mãos continua garantido!

Não aceito o atual modelo econômico-social vigente, que mais destrói que constrói.

Quem sou? 
Ninguém mais do que +1! Mais um número na estatística dos 20 milhões de brasileiros que, novamente, apostaram na expectativa de mudança. Quem dera já estivéssemos de mãos dadas com os outros 20 milhões que cruzaram os braços, chamados de “brancos e nulos”, que são os que não acreditam em mais nada do que se apresenta como solução e caminho. Sim, e são eles que têm razão, mas seu recado silencioso continua sendo vergonhosamente ignorado. Eu também já estive lá.

Difícil entregar meu voto “obrigatório” para situações que atacam profundamente os caminhos que levam à saúde mental, espiritual e física!

Como dar meu voto, voto obrigatório, onde tenho multa se quero me abster, num país que me obriga a votar em quem não acredito, como dar meu voto para candidatos que destroem aquilo que é preciso, urgentemente, preservar? Pessoas que representam projetos que desconhecem a realidade de nossas crianças e, se conhecem, bem pouco se importam (apesar do discurso). Projetos que matam animais como se objetos fossem, em nome de cifras absurdas, de lucros gigantescos que, igual, não auxiliam no mais necessário, que é a educação? Que permitem adulterar o fundo dos oceanos procurando o óleo negro que, todos sabem, acaba com o modelo de natureza que não mais se renova e que está com os dias contados?

Também, não posso compactuar com uma maioria que aceita calar-se frente a um projeto eficaz, uma maioria que entende a sensibilidade como fragilidade, onde chorar é sinônimo de fraqueza, e que enaltece como valores a agressão, o desrespeito, a mentira, o revanchismo, o engano e a farsa. Opto, mais uma vez, pelo trabalho individual, pelas pequenas ações, pela mudança no coração de cada um.


Em um grupo, vi várias pessoas “curtindo” uma frase que dizia assim: “Vou anular meu voto no segundo turno. Não posso dar meu voto que vai eleger ou a mer... ou o co...!” Apesar de toda a indignação contida neste rápido depoimento, senti o quão carregado de verdades ele está!

Há que se averiguar o tamanho do rombo em determinados setores e, nesse cenário, os candidatos ao segundo turno estão empatados!



Marise Jalowitzki

Escritora, Educadora, Ambientalista, 
Coordenadora de Dinâmica de Grupo,
Especialista em Desenvolvimento Humano,
Pós-graduação em RH pela FGV,
International Speaker pelo IFTDO-EUA
Porto Alegre - RS - Brasil 


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