Abelhas robóticas como perspectiva de polinização, garantindo a alimentação humana |
Projeto RoboBees e o Colapso das Abelhas - Insetos Robóticos
Por Marise Jalowitzki
21.setembro.2014
As abelhas, como sabemos, são responsáveis pela polinização de 80% das plantações que geram alimentos aos humanos. "Três quartos das culturas que alimentam a humanidade são dependentes das abelhas.” – diz Bernard Vaissière, especialista em polinização do INRA (Instituto Nacional de Pesquisas Agronômicas), na França. Entretanto, a diminuição no número desses laboriosos insetos no mundo é uma realidade. Sem abelhas, a alimentação, como a concebemos hoje, não seria possível.
Campanhas de conscientização visam alertar os consumidores para que se manifestem a favor da preservação das abelhas. |
Na América do Norte, desde 2004, vem-se registrando uma crescente queda na produção de mel e agricultura tradicional (sementes crioulas), com o menor nível de polinização dos últimos 50 anos. Nos Estados Unidos, as colônias produtoras de mel caíram de 5,5 milhões (dados de 1950) para 2,5 milhões em 2007. E continuam em queda. Na Europa, Oriente Médio e partes da Ásia os estudos tentam identificar o ácaro Varroa e o fungo Nosema Ceranae, além de vírus diversos, como os principais responsáveis pela devastação de colmeias e morte de abelhas e consequente queda na produção. Na América do Sul, África e Austrália ainda se lida com o desconhecimento e as dúvidas, embora a cada dia o uso indiscriminado de pesticidas, esteja no topo dos estudos e possíveis causas, além de fatores como aquecimento global, a interferência dos celulares, a falta de higiene das colmeias e o ar poluído. Também alterações no mel acontecem, como foi o caso do mel verde e azul (França) onde as abelhas recolheram açúcar de resíduos do confete M&M, pleno de corantes, interferindo na qualidade final.
O quadro é igualmente alarmante no Brasil. Os apicultores e meliponicultores brasileiros exigiram providências das autoridades e a reivindicação foi tamanha, que a Federação das Associações de Apicultores e Meliponicultores (FAASC) criou uma comissão para avaliar o desaparecimento das abelhas. O IBAMA reavalia 4 agrotóxicos associados a efeitos nocivos aos polinizadores - Imidacloprido, Tiametoxam, Clotianidina e Fipronil. Entretanto, independente dos resultados, pouca coisa vai mudar, devido à histórica falta de uma fiscalização efetiva. Enquanto isso, elas continuam morrendo.
MAIS MUDANÇAS E ALTERAÇÕES
A introdução das subespécies africanizadas, geneticamente modificadas (GM), criaram grupos de abelhas que apenas produzem mel, outras apenas recolhem pólen, com consequentes áreas de cultivo agrícola bastante diversificadas.
Em paralelo, novos mercados dos produtos apícolas despertam interesse, alterando cada vez mais a vida das abelhas. Não é somente o mel, mas também o própolis (remédios), o recolhimento das picadas induzidas na entrada das colmeias (uso em cosméticos) e até o pólen apícola - que, originalmente, era utilizado como alimento pelas abelhas na fase larval e abelhas adultas com até 18 dias de idade - agora é recolhido para servir de suplementação alimentar. "O pólen apícola consiste na coleta do gameta masculino das flores e transportado para a colmeia para ser armazenado nos alvéolos e passar por um processo de fermentação. É um produto rico em proteínas, lipídios, minerais e vitaminas. Em virtude do seu alto valor nutritivo é usado como suplementação alimentar, comercializado misturado com o mel seco, em cápsulas ou tabletes."(Embrapa)
É preciso salientar que, para fazer frente a possíveis tragédias ecológicas, sempre haverá novas saídas tecnológicas. A engenharia genética já está desenvolvendo vários insetos robóticos, dentre eles as abelhas-robôs, as RoboBees.
O Projeto RoboBees e o Colony Collapse Disorder (CCD)
Estudando a biologia de uma abelha e o comportamento da colméia, os cientistas avançam "na produção robótica de miniaturas do inseto e na produção de fontes de alimentação de alta energia compactas que visam estimular inovações em computação de ultra-baixo consumo de energia e sensores eletrônicos 'inteligentes'; e refinar algoritmos de coordenação para gerenciar várias máquinas independentes".
Um dos maiores centros de estudo e desenvolvimento de insetos robóticos fica em Harvard. A partir da observação e estudo da biologia de uma abelha e o comportamento da colméia "o objetivo é empurrar os avanços da robótica em miniatura e o projeto de fontes de alimentação de alta energia compactas; estimular inovações em computação de ultra-baixo consumo de energia e sensores eletrônicos 'inteligentes'; além de refinar algoritmos de coordenação para gerenciar várias máquinas independentes."
No Brasil também há estudos e projetos sendo desenvolvidos neste campo; um dos procedimentos consiste no estudo de imagens das asas de abelhas e através de programas de computador, identificar as suas espécies. O comportamento das abelhas também será analisado através de microtags eletrônicos implantados nelas. Um importante evento aconteceu em julho deste ano, tendo como sede a cidade de Campina Grande, na Paraíba. Foi a internacional Robocup 2014, que contou com vários eventos e divulgação de pesquisas e projetos no campo da robótica. Andrique Amorim, do Instituto Federal da Bahia (IFBA) proferiu a palestra sobre 'Simulação do Processo de Polinização de Flores pelas Abelhas, Utilizando Robôs Autônomos em um Ambiente Artificial' (Amorim LOC Chair Rescue RoboCupJr). Importante ressaltar também a publicação do livro "Polinizadores no Brasil: contribuição e perspectivas para a biodiversidade, uso sustentável, conservação e serviços ambientais", escrito por 85 pesquisadores de 36 instituições científicas do país. O livro alcançou o 3º lugar na categoria Ciências Naturais do Prêmio Jabuti.
Aplicações Práticas do Projeto Robo-Bees
Insetos robóticos ágeis coordenados podem ser usados para uma variedade de fins, incluindo:
- polinização autônoma de um campo de culturas;
- busca, rastreamento e salvamento (por exemplo, na sequência de uma catástrofe natural);
- exploração de ambiente perigoso;
- vigilância militar;
- tempo de alta resolução e mapeamento do clima; e
- monitoramento de tráfego.
( http://robobees.seas.harvard.edu/ )
Fontes:
INRA-France/Revista National Geografic/Fundaj /Site da RoboCup 2014/Revista INFO/Dailymail/Centre for Field Robotics/Compromisso Consciente/ABN-Afrika Biodiversity Network/Harvard/Gaia Foundation/ONU-FAO/Ministério da Agricultura/G1-Globo Rural
Video Gaia Foundation - http://www.sermelhor.com.br/ecologia/transgenicos-quem-sao-os-donos-das-sementes.html
Video Sementes da Liberdade: http://www.seedsoffreedom.info/watch-the-film/watch-the-film-portuguese/
Videos sobre os projetos RoboBee e outros insetos: https://www.youtube.com/watch?v=eNG1nza1ktc
Video sobre robô controlador nas fazendas - https://www.youtube.com/watch?v=T0cPc4MCEOQ
Um exemplo das consequências do uso de agrotóxicos pode ser vista nesta reportagem do Globo Rural
Para quem quiser se informar um pouco mais:
Harvard Microrobotic Fly
Ladybird: part 1 - construction and automation
http://www.seriouswonder.com/robotic-farming-grows-ladybird/
Robocup 2014 aconteceu em julho - Campina Grande - PB
https://www.youtube.com/watch?v=VBwm8febiws - overview
http://www.robocup2014.org/?p=3052
https://www.youtube.com/watch?v=VBwm8febiws - overview
http://www.robocup2014.org/?p=3052
organizadores - c/ e-mail - http://www.robocup2014.org/?page_id=240
Programação Robocup 2014 - publicada no Jornal do Brasil - Robocup2014
Ester Colombini - Alexandre Da Silva Simões. |
de mortes - são 157 mortes registradas
por ano no Brasil - Imagem Globo Rural
Por Marise Jalowitzki
a defensivos agrícolas
International Speaker pelo IFTDO-EUA