quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Ecologia Na Morte - Cápsula Mundi, Manta Absorvente - Enterro Verde e Sustentabilidade


Ao invés de visitar os cemitérios tradicionais, os familiares e amigos poderão visitar florestas sagradas





Em 01.novembro.2015
Saudade é sentimento para ser experimentado todos os dias, com gratidão, reverência e ação benfazeja.
Instituir 'um dia' para reverenciar todos aqueles com quem tivemos a oportunidade de conviver e que já não estão neste plano é bastante ralo.
Neste dia que antecede o dia destinado aos mortos, chamado no Brasil de "Dia dos Finados", gostaria de enviar esta reflexão sobre o destino a ser dado para o corpo de cada um, após seu falecimento.
Não deixe para seus parentes esta decisão. Tome-a você mesmo e comunique a seus entes queridos a sua vontade.
Ecologia é assunto que perpassa a vída física individual.
É assunto que envolve a todos!


Por Marise Jalowitzki
02.setembro.2015
http://decrescimentofeliz.blogspot.com.br/2015/09/ecologia-na-morte-capsula-mundi-manta.html


A palavra "cemitério" (do latim tardio coemeterium, derivado do grego κοιμητήριον [kimitírion], a partir do verbo κοιμάω [kimáo] "pôr a jazer" ou "fazer deitar") foi dada pelos primeiros cristãos aos terrenos destinados à sepultura de seus mortos. Os cemitérios ficavam geralmente longe das igrejas, fora dos muros da cidade. A prática do sepultamento nas igrejas e respectivos adros era desconhecida nos primeiros séculos da era cristã. Com o passar do tempo, a eclosão de muitas doenças advindas da decomposição do corpo humano, obrigou a uma revisão da localização e os cemitérios voltaram a situar-se em lugares mais distantes dos centros urbanos.


Sepulcro de Beethoven em Viena, na Áustria
Alguns cemitérios modernos rompem com a imagem tradicional das necrópoles com jazigos e monumentos de mármore, substituindo-os por parques arborizados (memorial parks), onde simples chapas de metal assinalam o local da sepultura.
Outra prática comum, pela questão espacial, é a verticalização dos cemitérios, onde os túmulos são dispostos uns sobre os outros e em andares, para as visitações.
Nos dias atuais, crescem as preocupações dos órgãos sanitaristas para com as questões de localização dos cemitérios e acondicionamento dos corpos mortos, devido à liberação do necrochorume, o líquido percolado que se forma pelo processo de decomposição e que é altamente tóxico e poluidor do solo e dos lençóis freáticos. Isto fica ainda mais sério quando o cemitério está localizado em terreno mais alto do que o centro urbano, levando à população, através da água, riscos de contaminação e doenças graves. No Brasil, 80% dos cemitérios não recebem fiscalização, o que inviabiliza saber se o tratamento aos corpos é o recomendado, afim de evitar doenças.

Sim, ao contrário do que querem alguns, nossos corpos não são adubo fértil.



Humanos decompõem mais carga tóxica do que outros animais, porque:

- ao fazer os exames de prevenção às doenças - os esporádicos e os periódicos -, ao longo de toda a vida, armazenamos resíduos dos raios X e outros, no corpo (nas gorduras e sangue), tóxicos que por vezes demoram até centenas ou milhares de anos para se decompor 
(dependendo da radioatividade e outros fatores), contaminando água, ar e solo.

- as placas de platina, todos os metais que colocamos no corpo, sejam placas devido a acidentes ou doenças degenerativas, sejam restaurações dentárias, próteses, etc., tudo são materiais que demoram a se decompor, poluem e alteram o ecossistema.
- a alimentação que ingerimos, especialmente a industrializada, está plena de contaminantes de todos os tipos, desde os agrotóxicos que foram lançados no solo e que fazem parte dos alimentos que ingerimos, até os conservantes, espessantes e corantes que muitos fabricantes colocam BEM MAIS DA CONTA. Tais fabricantes recebem, inclusive, multa (mas não proibição de comercialização, o que é lamentável) dos órgãos responsáveis, especialmente a ANVISA. 

Quantas bebidas industrializadas um cidadão comum ingere na vida? Refrigerantes e o benzeno que vem junto? E a carne e as batatas fritas e outros salgadinhos?...

- a água "potável" que consumimos, quando vai ser examinada pelos órgãos responsáveis, recebe uma medição sobre o MÁXIMO DE POLUENTES que consegue conter, ou seja, o MÁXIMO que o ser humano pode abarcar sem consequências graves imediatas. Poluentes tóxicos que ingerimos e que, como disse acima, se concentram nas gorduras e sangue. Eles não são eliminados.
- os medicamentos que tomamos, ao longo de toda a vida, vacinas, antibióticos, tarja preta, é só ler a bula e-ou pesquisar sobre os componentes. Até mesmo o cálcio, tão necessário para a manutenção de nosso sistema ósseo, contem índices de chumbo, que é tão prejudicial. (Por isso tantas pessoas vão em busca da dolomita, uma pedra ralada que, sim, também contem chumbo, mas em índices bem abaixo do que as cápsulas convencionais comercializadas nas farmácias de manipulação e alopáticas em geral.)
- humanos são enterrados em caixões funerários (exceto na cremação ou ressomação - ou "biocremação"), caixões esses que contêm alças e enfeites de metal que, igualmente, poluem e demoram para se decompor.


Ressomação ou “biocremação”, utiliza água aquecida e hidróxido de potássio para liquefazer o corpo, deixando apenas os ossos para trás. Os ossos são então pulverizados como na cremação regular, e os fragmentos ósseos são devolvidos à família numa urna.

Com todo este cenário, creio ter ficado evidente que somos, sim, poluidores em potencial.

Poluição Ambiental por Necrochorume, especialmente nos Aquíferos


"Por ser mais denso que a água, o necrochorume quando atinge o aquífero subterrâneo migra para sua parte inferior até atingir a camada impermeável. A partir daí, parte dele pode seguir o fluxo da água ou pode escoar por gravidade sobre o substrato impermeável do lençol freático. Esta contaminação do aquífero é mais problemática de ser remediada, já que geralmente encontra-se a grandes profundidades. Além disto, para descontaminar o aquífero é necessário a construção de barreiras hidráulicas para retirar a água contaminada, de forma que o tratamento da mesma ocorra ex situ (biorremediação - retirar para restaurar fora do lugar de origem), reduzindo a carga hidráulica do aquífero.
Quando o necrochorume atinge o aquífero subterrâneo é carreado para locais mais distantes.
Necrochorume à mostra após a tragédia na região 
serrana do Rio, em 2011

Se o necrochorume ao chegar no aquífero, ainda contiver contaminantes, o manancial estará comprometido. Vírus e bactérias mais resistentes contaminam a água e a tornam imprópria para consumo humano. Para isto é imprescindível o conhecimento profundo dos mesmos (WHO, 1998)." (Guilherme Berdoldi)

Projeto Cápsula Mundi e a Manta Absorvente: Enterro Verde e Sustentabilidade

Um novo projeto para sepultamentos humanos, a Cápsula Mundi, procura atrelar a tradição do sepultamento com cuidado ecológico, com reflorestamento. A inovação sustentável propõe que, ao invés de cortar árvores para fazer caixões, o corpo do falecido seria inserido em um material biodegradável à base de milho e outros produtos e enterrado em posição fetal, envolto a uma raiz, alimentando uma bela planta e gerando um novo ciclo de vida. A ideia vem sendo aprimorada desde 2003, e os responsáveis são os designers italianos Anna Citelli e Raoul Bretzel.

A legislação italiana, entretanto, ainda não liberou o teste na prática. No que faz muito bem, pois os materiais da "cápsula-ovo" precisam ser muito bem analisados. Não se trata apenas de liberar um projeto inovador. Não bastassem os aspectos da tradição, crenças e costumes, também o impacto na questão ambiental e a preservação do ecossistema continuam sendo analisados.

“Ainda neste ano, vamos colocar a Cápsula em produção. Mas, em um tamanho menor, contendo apenas as cinzas. Para envolver o corpo inteiro, precisamos de mais pesquisas científicas e autorizações legais” – declara Anna. “Nos últimos dez anos, nossos principais objetivos têm sido sensibilizar as pessoas sobre a ideia e promovê-la através de exposições e meios de comunicação” – completou. 

As cinzas não possuem o necrochorume, lógico, não sendo mais ameaça ambiental.

Anna Citelli e Raoul Bretzel
Os dois italianos se encontraram na principal feira de mobiliário de Milão, em 2001. Dois anos depois, foram selecionados para participar do pavilhão de jovens designers. Foi quando surgiu a proposta de reinventar a mais impactante das estruturas de madeira: o caixão funerário. A Capsula Mundi vem em formato de ovo, em analogia às ideias de nascimento e ciclo de vida, expressando continuidade e retorno.

“Com a Cápsula, propomos um novo significado para a morte, deixando de ser considerada o fim da vida no planeta e passando a ser o início de uma nova. A espécie da árvore é escolhida previamente pelo próprio falecido, fazendo com que ele mantenha uma presença viva na Terra e deixe um legado bom para o futuro” – disse Raoul.



O projeto pretende que o corpo seja enterrado como uma semente, inserido no “ovo” em posição fetal. “Sonho que, com o passar dos anos, tenhamos florestas nos lugares dos cemitérios tradicionais” – falou Anna.








MANTA ABSORVENTE

De todos os processos que tentam impedir o vasamento do necrochorume dos cemitérios, as pastilhas de decomposição e a Invol Manta Absorvente de Necrochorume são consideradas as mais efetivas. E a manta absorvente, por garantir toda uma recapagem do corpo é, até agora, o recurso mais eficiente em termos de cuidados com os resíduos tóxicos emanados (necrochorume). Inclusive para a realidade dos cemitérios verticais, tão usados nas metrópoles. A manta é fabricada com um plástico resistente e possui uma camada de celulose e um pó que, em contato com o líquido excretado, se transforma num gel. Nas bordas tem um fio de náilon que, por ocasião da exumação, é puxado, transformando a manta instantaneamente em um saco de ossos.

Manta Absorvente Invol transforma-se depois em saco repositário dos ossos

A manta é colocada dentro do caixão, revestindo todo o seu interior. Na medida em que o corpo vai liberando os líquidos, a celulose vai absorvendo o necrochorume, impedindo que o mesmo se espalhe. Assim, o líquido permanece dentro da manta todo o tempo necessário para a decomposição, sem contaminar o caixão, a sepultura e o entorno, preservando o meio ambiente.


CONCILIAÇÃO DOS PROJETOS

Parece ser uma ideia interessante de se analisar, para os simpatizantes da Cápsula-Ovo, que estudem a possibilidade de adequar a utilização da manta absorvente com a plantação da árvore, pois, somente assim, estaria garantida a segurança ambiental. Nem todos são adeptos à cremação (transformação do corpo em cinzas, através do fogo), ou da ressomação (ou biocremação) e, nos casos de suicídio e assassinato (ou suspeita deste), por exemplo, a permanência do corpo (não reduzido a cinzas) é imprescindível, caso se faça necessária a exumação para novas investigações.

Atualmente, somente as cinzas poderão ser enterradas junto com a semente e-ou muda de árvore. A manta absorvente pode viabilizar este projeto.



CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES

1 - É elogiável a iniciativa dos designers em tentar abrandar a dor da perda dos familiares de quem parte, já que a ideia de continuidade que o crescimento da árvore proporciona pode ser consolador. Aqui mesmo, no Rio Grande do Sul, temos o belo pé de Umbu que foi plantado sobre o local onde jaz o corpo do ecologista José Lutzenberger (Fundação Gaia). Entretanto, a questão dos resíduos tóxicos está a merecer cada vez mais atenção e não pode ser desprezada. Não é sem razão que o termo cemitério, além de lugar de prática religiosa, também serve para designar um lugar onde se enterram ou acumulam produtos, tipicamente resíduos e detritos (por exemplo,cemitério de resíduos nucleares). Assim, o sonho de Anna e Raoul, nos moldes atuais, poderá se destinar apenas ao enterro das cinzas, já que, como vimos, o "enterro verde" acontece igual, mas, sem a proposta de que o corpo morto "alimente o vegetal com suas substâncias orgânicas", conforme eles sonham. 


2 - O uso da manta absorvente, com ou sem a urna de madeira, pode viabilizar este projeto, pois a impermeabilização concedida pelo nylon, torna impossível a liberação do necrochorume para o solo, protegendo o meio ambiente.

3 - Mesmo com o uso da manta absorvente, temos de lembrar que o revestimento externo em nylon, material que concede a impermeabilidade do necrochorume, leva 30 anos para se decompor.

4 - Considerando que, pela legislação, em 3 anos é permitida a exumação e transporte dos ossos para um saco repositário, este saco já está aí, caso queiram utilizá-lo. Os familiares convivem com a realidade de que a árvore está lá, mas os ossos do ente querido continuam dentro da manta.

Parece importante refletir sobre decisões que cada um de nós pode expressar aos familiares sobre o futuro. Afinal, a morte é uma realidade para todos. E a criação branda de um parque memorial pleno de árvores, no lugar das tradicionais lápides, parece ser ainda mais suave do que já são hoje os cemitérios-parques, com as inscrições no solo. 

E, em vez de cortar mais árvores e enterrar a madeira usada para o fabrico de caixões, nós, no final de nossas vidas, podemos deixar como lembrança e símbolo, uma nova árvore. E, de fato, a ideia de que nossos entes queridos e descendentes poderiam visitar nossa árvore, cuidar dela e descansar em sua sombra é verdadeiramente reconfortante.

Mais sobre a Manta Absorvente e pastilhas AQUI
Mais sobre a Cápsula Mundi AQUI

Considerações do empresário fabricante da Invol Manta Absorvente:
1) E como ficam os familiares do ente falecido, quando a árvore chegar à sua velhice e precisar ser removida pelo bem (segurança) dos demais visitantes?
2) E os espaços (terreno) deveriam ser apenas vendidos, então, tornando-se perpétuos?
Sim, pois se fossem alugados, os procedimentos, findo o prazo, seriam os mesmos que atualmente. Exumação-remoção dos ossos, resultando em guarda no saco-mortuário ou para cremação (urna ou espalhar as cinzas).

É, realmente, a situação é um tanto mais complexa e precisa ser bem analisada!
Alguém tem mais opiniões a fornecer?


Mais sobre o tema:

Necrochorume - Água Limpa e Saúde Pública


Página de Links



Outras fontes pesquisadas:
http://www.boredpanda.com/biodegradable-burial-pod-memory-forest-capsula-mundi/
Facebook (h / t: Aplus)

Cada cliente poderá escolher a sua árvore favorita



Em 03.novembro.2015

Considero bem importante ponderar sobre todas as nuances que envolvem esta mudança no modo de encarar a nossa passagem. E quanto mais conversamos sobre isso em vida, com os nossos queridos, menos traumático será. A ideia de uma floresta sagrada é bem bacana, se for feita com responsabilidade, controle e vigilância, como costumam ser hoje já os chamados 'campos santos'. 

Ontem mesmo vi uma reportagem (normal) sobre como as pessoas cultuam suas saudades neste dia. E apareceu, em um cemitério, novamente, a 'ala abastada', se podemos chamar assim, com lápides e capelas suntuosas, esculturas de anjos e tudo o mais e a 'ala dos desprovidos', que tem apenas uma demarcação da terra fofa e uma cruzinha de madeira, identificando o nome de quem já partiu. E entrevistaram uma moça, cujo irmão havia sido assassinado. Ela, sentadinha em um dos "montinhos de terra", rezando e chorando. Coisa mais triste de se ver a estratificação social escancarada em todas as instâncias! Nenhuma árvore para proteger os visitantes do sol abrasador e tornar as lembranças menos trsites, nenhum banquinho, nada. Só os montinhos... Que cada um possa fazer um pouquinho para mudar isto! 

E que Deus abençoe todas as pessoas do Bem que intentam melhorar estas nossas 'normas' terrestres... Abs


Leia também:
Ecologia na Morte - Uso de mantas e pastilhas absorventes para tratamento de necrochorume em sepultamentos
Importante pensar enquanto vivo sobre qual o legado que cada um quer deixar após a sua morte!
Não é somente durante a vida que podemos errar e-ou acertar em nossas ações. Também em nossa partida deste planeta podemos fazer melhor! Por enquanto, praticar a ecologia, na quase totalidade dos municípios, ainda é uma opção. Liberar ou não o necrochorume após o corpo morto ainda é uma decisão pessoal, continuar poluindo o meio ambiente ou melhorar a qualidade dos aquíferos depende de quem sabe e deseja fazer o melhor.

Mas, a legislação já existe e precisa ser cumprida. OS CIDADÃOS PODEM ACELERAR A TOMADA DE DECISÃO DOS LEGISLADORES:
A sociedade pode se mobilizar para exigir um acompanhamento sócio-ambiental. Não é difícil. Bastam 50 pessoas adultas. (Leia na íntegra clicando no título ou no link abaixo:
http://compromissoconsciente.blogspot.com.br/2016/11/ecologia-na-morte-uso-de-mantas-e.html



2 comentários:

  1. Nossa, mas que ideia perfeita!
    Excelente matéria para reflexão no dia de hoje.
    Estou maravilhado, sério!
    Há braços.

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  2. Considero bem importante refletir sobre todas as nuances que envolvem esta mudança no modo de encarar a nossa passagem. E quanto mais conversamos sobre isso em vida, com os nossos queridos, menos traumático será. A ideia de uma floresta sagrada é bem bacana, se for feita com responsabilidade, controle e vigilância, como costumam ser hoje já os chamados 'campos santos'. Ontem mesmo vi uma reportagem (normal) sobre como as pessoas cultuam suas saudades neste dia. E apareceu, em um cemitério, novamente, a 'ala abastada', se podemos chamar assim, com lápides e capelas suntuosas, esculturas de anjos e tudo o mais e a 'ala dos desprovidos', que tem apenas uma demarcação da terra fofa e uma cruzinha de madeira, identificando o nome de quem já partiu. E entrevistaram uma moça, cujo irmão havia sido assassinado há pouco tempo, aos 22 anos. Ela, sentadinha em um dos "montinhos de terra", rezando e chorando. Coisa mais triste de se ver a estratificação social escancarada em todas as instâncias! Nenhuma árvore, nenhum banquinho, nada. Só os montinhos... Que cada um possa fazer um pouquinho para mudar isto, né, Bruno Lopes! E que Deus abençoe todas as pessoas do Bem que intentam melhorar estas nossas 'normas' terrestres... Gratidão, amigo! Abs

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